Em 2017 a OMS lançou um desafio global para até 2022 diminuir em 50% os danos graves e evitáveis relacionados aos medicamentos.

E para auxiliar nessa jornada a administração hospitalar precisará de sistemas mais robustos de monitoramento.

Algumas ferramentas disponíveis são:

Elas auxiliam na medição de eventos adversos relacionados aos medicamentos.

Somente as notificações impossibilitam medir a situação real do hospital referente aos EAs, pois, apenas de 10% a 30% deles são notificados.

Através de gatilhos (GTT) e entrevistas abordando possíveis imprecisões (MST) elas identificam possíveis EAs e em conjunto com as informações coletadas pelas notificações permitem direcionar o foco de onde acontecem os erros.

 

MEDICATION SAFETY THERMOMETER (MST)

O desenvolvimento da ferramenta Safety Thermometer aconteceu em 2011 pelo NHS Programa Nacional da Saúde da Inglaterra, e investiga diferentes áreas do hospital e utiliza a Ciência da melhoria possibilitando diversos testes antes de ser aplicada.

Através dela são monitorados indicadores relacionados à segurança do paciente no hospital.

As primeiras Medication Safety desenvolvidas foram para medir as quedas, lesões por pressão e TEV nos hospitais e a partir do sucesso delas que surgiu uma para medir EA relacionados aos medicamentos.

A Medication Safety Thermometer foi lançada em 2013 também na Inglaterra, mas ainda está em processo de validação no Brasil, que ocorrerá em breve.

Durante um dia por mês, são coletados dados referentes aos medicamentos, na beira do leito de 100% dos pacientes internados. A partir desses dados será possível dimensionar quais são os pacientes acometidos por algum EA no hospital possibilitando medir a temperatura da segurança dos medicamentos na instituição mensalmente.

O “Dia D” não tem dia certo, quem escolhe é a própria instituição, mas é interessante padronizar e escolher sempre na mesma semana, como primeira segunda feira do mês, por exemplo. Assim todos se preparam para que o dia D faça parte de suas rotinas.

Para começar a implantação desse dia no hospital é interessante escolher um piloto, um local específico para conhecer a ferramenta primeiro e fazer as possíveis melhorias antes de iniciar no hospital todo.

Uma recomendação seria que por questões de entendimento relacionados aos medicamentos, um farmacêutico realize ou acompanhe a coleta de dados junto com outros profissionais envolvidos nos processos de melhoria da instituição como os enfermeiros.

Os princípios da Medication Safety Themometer são:

  1. Validade clínica;
  2. Eficiência (coleta de dados de até 10min);
  3. Equidade (coleta de dados em qualquer ambiente do hospital);
  4. Resultados em tempo real;
  5. Capacidade de medir a ausência de danos aos pacientes;
  6. Foco no dano;
  7. Apresentar resultados para organização, região e até em nível nacional;

O processo segue três etapas para identificar danos decorrentes de erros de medicamentos.

Na primeira etapa são observados se houve alguma conciliação de medicamentosa, a omissão de medicamentos e a identificação de danos causados por medicamentos potencialmente perigosos.

Na segunda etapa, se o paciente passou por algum dos casos acima é preciso identificar os sinais e indícios ocorridos.

E na terceira etapa se conclui se foi ou não EA e qual foi o dano causado.

Podem ser analisados indicadores de acordo com:

  • Conciliação medicamentosa nas primeiras 24h de admissão;
  • Doses omitidas nas últimas 24h de internação;
  • Status de alergia medicamentosa;
  • Omissão de dose de medicamentos críticos;
  • Se recebeu medicamentos potencialmente perigosos nas últimas 24h;
  • Quais os sinais para o dano.

Conclusão

Os EA causados por medicamentos são mais difíceis de identificar.

E por isso, é muito importante ferramentas estruturadas para assessorar o processo complexo de apontamento desses EA.

A Medication Safety Themometer permite focar esforços para conhecer os principais tipos de EA na organização gerando melhorias específicas para eles.

O Dia D possibilita dimensionar e entender a importância de falhas e danos causados pelos erros de medicação, medir as melhorias ao longo do tempo, além de conectar as equipes de assistência à essas falhas e danos.

No Reino Unido mais de 100 hospitais fazem uso dessa ferramenta e repassam mensalmente os dados coletados para uma plataforma livre e com fácil acesso possibilitando a divulgação e a comparação dos resultados através de gráficos de tendência, já que a coleta de dados é padronizada e rotineira.

A partir da análise e comparação desses indicadores diversos dados podem ser observados e relacionados as mudanças de melhorias no sistema antes de novas tomadas decisões.

 

Daniela Faria – Farmacêutica CRF/SP 51.617